Sunday, October 29, 2006

Educação[0001]

Acerca da impossibilidade de discutir a Educação em Portugal

Têm-se multiplicado os debates sobre o estado da Educação em Portugal. Como qualquer discussão de fundo neste “país”, também esta tem o seu quê de quântico. De resto, as próprias políticas educativas exibem um comportamento semelhante—oscilação entre posições extremas sem nunca passar por posições intermédias.
O pior, porém, é que esta discussão se antecipa ao seu próprio tempo o que a torna impossível. Claro que podemos falar, uns e outros, sobre este assunto, mas não se pode (e, sobretudo, não se deve) confundir uma soma de vozes com uma verdadeira discussão.
Ao falar da Escola cada um tem em vista, não uma noção bem estabelecida, partilhada pelos intervenientes mas, ao contrário, uma que se subordina a expectativas pessoais. Se uns têm em mente a formação ampla (já houve quem a ambicionasse integral) do indivíduo outros já esperam que a escola torne esse mesmo indivíduo capaz de resolver problemas concretos no âmbito de disciplinas concretas. Numa visão absolutamente acabrunhadora do papel da Educação há até quem espere que nas escolas se produzam componentes úteis à economia.
Sem uma definição clara (pelo menos nos seus aspectos mais essenciais) do objecto de discussão, aquilo a que assistimos não passa de um conjunto de soluções à procura de um problema.

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